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Âncoras

Vamos falar sobre o termo “ANCORAGEM”: Uma âncora é qualquer estímulo que percebemos com nossos sentidos e que nos faz recordar com todos os detalhes de algo do passado. A ancoragem é natural no ser humano. Como exemplo, quando ao ouvir uma determinada música que em nossas lembranças foi ouvida em uma ocasião marcante do passado, parece que retornamos ao fato e revivemos todas as emoções e sensações daquele momento. Os casais costumam ter a “nossa música” que, ao ser ouvida, os faz lembrar da juventude, quando estavam muito apaixonados.

As âncoras podem referir-se a uma imagem, sendo chamada de imaginativa ou a qualquer canal sensorial: visual, auditivo, sinestésico, tátil e olfativo. Assim, temos âncoras verbais e não verbais. Às vezes, um perfume pode remeter-nos direto a um fato do passado.

O terapeuta pode se utilizar desse conhecimento e criar âncoras no paciente com a finalidade de ter acesso a um recurso útil para ajudá-lo em seus problemas. A Terapia da Regressão, utiliza-se muito das âncoras para acessar o inconsciente e recuperar fatos da memória.


Quando perguntamos ao paciente sobre seu sentimento, onde ele sente este sentimento em seu corpo e pedimos para ele ampliar estas sensações, estamos usando âncoras.

A âncora é conhecida pelos hipnólogos tradicionais como signo sinal. Pode ser usada pelo paciente para ajudá-lo a ter acesso a um recurso interno, no momento em que ele precisar.

Exemplo de uma Indução Ericksoniana
 

Neste exemplo, a indução é feita de uma maneira semelhante a uma conversa informal, utilizando os conceitos acima, partindo de pressuposições (“não sei se você alguma vez foi hipnotizado antes”) o que pressupõe que o sujeito será hipnotizado, divisão (inconsciente e consciente), evocações (“você esteve em estados hipnóticos antes e não sabia”), intercalações (intercalando palavras como “relaxamento, confortável”), permissão (com as palavras você pode, e/ou, enquanto) e utilização de palavras que se referem aos canais sensoriais visual, auditivo e sinestésico. Se possível, sabendo-se qual o canal sensorial preferido do sujeito, pode-se iniciar por este canal e depois passar para os outros que não são muito usados por ele. Esta simples manobra, já pode provocar um estado alterado de consciência. É alterado justamente por não ser o usual do cliente:
 

“- Muito bem. Não sei se você alguma vez foi hipnotizado antes mas, devo lhe dizer que a hipnose, é algo muito natural para o ser humano. É provável que você já tenha estado em estados hipnóticos antes e não saiba que aquilo era hipnose, como por exemplo, quando você assiste a um filme de que gosta, lê um livro interessante ou presta atenção a uma aula. São estados de atenção focalizados em que seu lado consciente fica envolvido em algo enquanto seu inconsciente cuida de todas as outras funções do seu corpo. Assim, você tem um lado consciente, focado no que você está prestando atenção de momento a momento e um lado inconsciente, que cuida das outras funções de seu corpo muito bem, como a respiração e os batimentos cardíacos. Ele pode se encarregar de fazer seu coração funcionar no ritmo certo, manter sua pressão arterial, e cuidar de sua saúde. Você sabe que pode confiar em seu inconsciente para cuidar de você.
 

Muita gente tem dúvidas sobre o que é hipnose. Posso lhe informar que a hipnose, sendo um estado habitual do homem, não necessita de nada em especial. Você pode escolher ficar em qualquer posição, deitado, sentado e até em pé. De olhos abertos ou fechados. Isto não vai influir em seu relaxamento. Pode ficar com os olhos fixos em algum ponto ou deixá-los livres. Até os ruídos próximos ou distantes, podem estar lhe ajudando a se sentir mais confortável e curioso para saber quando você vai entrar em transe. A maioria das pessoas tem mais facilidade para entrar em transe de olhos fechados. Se você preferir, agora pode fechar os seus olhos. Agora que você está com eles fechados, é possível que esteja vendo alguma coisa através de suas pálpebras, como cores que vão se transformando em outras cores, imagens de suas memórias que vão passando ou, talvez, não esteja vendo nada. Eu não sei, mas você sabe. E seu inconsciente também sabe. Não precisa se fixar em nada disto para atingir seu transe. E enquanto você está aí de olhos fechados, sentindo sua respiração, ouvindo os diversos sons da sala e outros mais distantes, sentindo seu peso fazendo seu corpo afundar na cadeira, pode também estar percebendo a diferença entre a temperatura que você sente nas partes de seu corpo que estão cobertas e as partes descobertas e tudo isto pode estar lhe deixando mais e mais relaxado. Eu posso perceber agora como você já está entrando em transe. Vá mais fundo. Vá até onde você se sentir seguro para ir. Até onde for mais confortável, etc.”

Neste ponto, geralmente o sujeito já está em um transe leve, podendo então aceitar sugestões para aprofundar o transe. Se isto ainda não aconteceu, continuamos a indução. Temos que ter paciência e ir dando pequenos passos. É preferível do que arriscar-se a dar uma sugestão que se choque com a experiência do paciente e assim tira-lo do transe.

Passa-se a seguir a fazer as sugestões para resolução da queixa específica do cliente, ou dar sugestões para voltar no tempo e espaço até a origem de seus problemas.

Com a hipnose Ericksoniana, pode-se atingir qualquer grau de aprofundamento que se consegue com a hipnose tradicional, além dos fenômenos do transe: anestesia, alucinações positivas ou negativas, distorção do tempo, levitação de mão, catalepsia, sugestões pós hipnóticas, etc.

Bibliografia:
 

GRINDER, J. e Bandler, R. “Atravessando – passagens em psicoterapia”. Apresentação de Lívio Túlio Pincherle. São Paulo: Summus Editorial, 1984.
O’HANLON, William H, e MARTIN, M. “Hipnose centrada na solução de problemas”. Campinas: Editorial Psy II, 1995.
O’HANLON, William H. “RAÍZES PROFUNDAS – Fundamentos da terapia e da hipnose de Milton Erickson”. Campinas: Editorial Psy II,1994.

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