Neste texto pretendo de uma forma amorosa, como terapeuta, me aproximar do conceito central da psicologia analítica, um dos grandes pilares de sustentação da teoria desenvolvida por Carl Gustav Jung (1875-1961).
Podemos considerar que o processo de individuação acontece desde que nascemos, pois é um processo de auto realização, tornar-se um ser individual, um ser que se realiza em essência, ou seja, ele se transforma em uma unidade autônoma (com capacidade de funcionamento, como entidade separada da matrix – inconsciente interno e indivisível, se tornando uma totalidade). O principal foco da individuação é o conhecimento de si mesmo, creio que este movimento de transdução de informação é um processo contínuo… que o acompanha por toda vida.
O ser humano se desenvolve sob muitos aspectos ao longo de sua vida, e desenvolve-se, desde bebê até o decorrer dos 70 ou 80 anos, que normalmente considera-se expectativa de vida no ocidente. Jung foi o primeiro que se diferenciou nesse sentido em relação a outras teorias, que defendem que o desenvolvimento psicológico e do caráter ocorrem basicamente na infância. Para Jung, o desenvolvimento é contínuo e, em qualquer idade, pode estar ao alcance das pessoas (mesmo na meia-idade e velhice), sem minimizar a importância dos primeiros anos de vida. Por isso, para Jung, o desenvolvimento psicológico está associado ao desenvolvimento físico só até certo ponto.
O processo de individuação procura tirar o individuo do isolamento, aproximando-o e projetando-o a uma convivência coletiva amorosa através do caminho de autoconhecimento que nos ensina a aprender a lidar com o negativo e o positivo. E para isso, o Ego, que é dotado de uma função básica e fundamental, consiste na organização da Consciência, compondo de percepções, recordações, lembranças e pensamentos. O ser humano só poderá individuar-se na medida em que o Ego for permitindo que as experiências recebidas se tornem parte da Consciência. Logo, a Consciência e a Individuação caminham juntas, passo a passo, no desenvolvimento de uma personalidade, pois o início da Mente Consciente marca também o início do processo de Individuação.
A teoria de Jung abrange a contribuição com o potencial arquetípico que é o aspecto universal dentro do processo de individuação. Ou seja, para Jung, vai muito além do Ego e da Persona, idealizado na primeira metade da vida. A partir da meia idade, a tarefa passa a unificar o ego com o inconsciente o qual contém o que a pessoa não viveu antes, ou seja, o potencial não realizado. As conhecidas crises de meia idade às quais Jung parece ter debruçado mais interesse.
A individuação se expande no campo espiritual da arte e da religião, mergulhando no íntimo da Alma, arrastando o mais sagrado, o mais puro, o mais amoroso… consagrando como o grande mistério da existência o deus interior que se manifesta dentro de cada um de nós! Em suma, o processo de individuação ocupa toda a vida do sujeito e a psicoterapia ocupa um papel significativo neste contexto, o analista é um expert nas técnicas, mas o analisando é expert nele mesmo… E, unidos em um estado amplificado de consciência, promovem amorosamente o processo de individuação, a seu tempo, a seu modo!
Regina Nohra
Diretora-Presidente do IMHEP / Pedagoga, Psicóloga Clínica-Hipnoterapeuta
Reg. MEC nº 54.858 / CRP 05/22916
Núcleo de Desenvolvimento Humano – Regina Nohra
Apoio: IMHEP – Instituto Milton H. Erickson de Petrópolis
Filiado a The Milton H. Erickson Foundation, Inc., Phoenix, Arizona, US
Comments