Longe de truques e mitos, conheça mais a hipnose, a técnica usada para melhorar diversos problemas psicológicos
Júlya Rocha*
Sabe aquele frio na barriga, coração acelerado acompanhado de tremedeira, quando às vezes a gente até chega a travar? Isso tudo se resume a medo, e pode ir além e se transformar numa fobia. A fobia é um medo persistente e irracional de um determinado objeto, animal, atividade ou situação que provoca uma ansiedade extrema. Um dos meios de resolver esse problema é com a hipnose, você sabe o que é? A hipnose é um procedimento verbal que visa alterar os padrões normais de pensamentos, memória, sensação e percepção da realidade. Para falar desse assunto, conversamos com o Médico Psicólogo, Dr. João Facchinetti, que trabalha com hipnose há mais de 20 anos.
Começando a esclarecer, a hipnose não é terapia em si. “A hipnose é um instrumento de trabalho a ser usado na terapia. Ela é usada como uma ferramenta que ajuda a catalisar, a fazer com que os processos aconteçam de uma forma mais rápida, abrindo uma porta de acesso ao nosso inconsciente, no qual cada um de nós tem um tipo de ‘despensa’ cheia de coisas nutritivas e saborosas, só que não temos acesso a isso com facilidade. Durante o processo terapêutico, a hipnose ajuda a abrir a porta dessa despensa para que a pessoa se sirva de suas próprias qualidades”, explica.
Esse método pode ajudar a todo tipo de problema. Da ansiedade à depressão, a hipnose atua no problema de maneira, muitas vezes, eficaz. “Pessoas com todos os leques de problemas me procuram, desde problemas no relacionamento, transtornos sexuais, ansiedade, depressão, fobia, síndrome do pânico, TOC. Mas, infelizmente, nem todas elas a gente consegue ajudar tão bem”. O método pode ser usado também, por qualquer pessoa, sem restrições. “Qualquer um pode fazer a hipnose, pois ela é um estado natural da mente humana. Todo mundo entra e sai de transe, todos os dias. Um bom exemplo é quando você sai de casa para o seu trabalho dirigindo e faz aquele percurso habitual, de repente você fica preocupado com alguma coisa, pensando nela, e acaba dirigindo dois ou três quarteirões e nem percebe que passou por ali. Nesse momento você está num estado de transe leve. Aqui no consultório a gente resgata através de técnicas específicas esses momentos, que são naturais, para conseguir abrir essa porta do inconsciente e evoluir. Mas existem níveis de transe diferentes para cada pessoa. Algumas têm um nível mais profundo e outras mais superficial”.
É importante ressaltar que nem todo mundo pode ser um hipnólogo. “Toda ferramenta poderosa requer uma capacitação para ser usada. Os conselhos que regulamentaram a hipnose foram o de medicina, psicologia, odontologia e fisioterapia. Essas são as profissões que possuem um conselho preparado para acompanhar os trabalhos que os seus profissionais desenvolvem na área de hipnose. São para essas pessoas que a gente dá o curso de hipnose. ” O que é bem diferente da auto hipnose. “Já a auto hipnose qualquer pessoa pode aprender e fazer. Muitas vezes eu a ensino aos meus pacientes para que eles superem com mais facilidade algumas situações. Ela pode ser usada para dormir, para estudar, para fazer uma prova ou apresentar um trabalho, por exemplo”.
Mas de que forma a hipnose atua no problema? O Dr. João explica. “Você nasce, por exemplo, sem ter fobia e chega um momento em que seu inconsciente se organiza de uma forma que você desenvolve uma fobia a barata. Durante a hipnose você dá uma oportunidade para o inconsciente de reorganizar de uma outra forma, uma que seja melhor. É assim que ela age”.
Muita gente leva seus mitos em relação à hipnose para o consultório, que logo ficam para trás. “Tem pessoas que acham que eu vou ter poder sobre a vontade delas, o que não acontece. Durante a hipnose o seu julgamento permanece, você fica consciente o tempo todo. Alguns acham que vão para outro lugar. Mas isso é só um mito, você fica atento ao que eu estou falando. A grande parte dos mitos é em relação a isso, ao medo de estar inconsciente”.
Fonte: *Texto de Júlya Rocha para o Jornal Gazeta de Alagoas e Portal Gazetaweb.com – 20.04.2016 –
Instituto Milton Ericksson Alagoas.
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